Clima tenso em Brasília: jornalistas foram retirados à força da Câmara dos Deputados após confusão em sessão marcada por protestos e interrupção do sinal de TV. Entenda os detalhes, as reações e o que dizem as autoridades.
A terça-feira (9) foi marcada por um verdadeiro caos nos corredores da Câmara dos Deputados. Jornalistas que cobriam a ocupação do plenário pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) relataram terem sido expulsos à força por seguranças da Casa, em meio a empurra-empurra, gritos e corte repentino do sinal da TV Câmara. As imagens circularam nas redes sociais e causaram indignação em entidades de imprensa, que classificaram o episódio como ataque à liberdade de expressão.
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Tudo começou quando o deputado Glauber Braga invadiu o espaço da Mesa Diretora e se recusou a deixar o local, em protesto contra pautas votadas sem debate público. Enquanto o clima esquentava, repórteres e cinegrafistas que acompanhavam a movimentação foram surpreendidos pela ordem de desocupação imediata.
De acordo com o site Poder360, os jornalistas tentaram continuar registrando os acontecimentos, mas foram empurrados e coagidos pelos seguranças legislativos, que também desligaram as câmeras oficiais e cortaram o sinal de transmissão da TV Câmara.
“Foi uma cena surreal, parecia que estavam tentando esconder o que estava acontecendo”, relatou um repórter presente no local.
Qual foi a repercussão do caso na midia?
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiaram a ação, destacando que a imprensa tem direito constitucional de acompanhar e registrar os trabalhos do Legislativo.
“O que ocorreu é inaceitável. A liberdade de imprensa é pilar da democracia”, afirmou a Fenaj em nota.
Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), evitou declarações públicas imediatas, mas a assessoria confirmou que os fatos estão sendo apurados internamente.
O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), também se manifestou pedindo “equilíbrio e transparência”.
Motta promete apurar excessos
Segundo a Revista Fórum, o secretário de Comunicação da Câmara, deputado Márcio Motta (PL-SP), afirmou que vai “apurar possíveis excessos em relação à imprensa”, reconhecendo que a cena repercutiu negativamente.
Ele admitiu que houve um “erro de procedimento” e prometeu revisar protocolos de segurança para evitar novos constrangimentos a jornalistas no exercício da profissão.
Mesmo assim, repórteres que estavam no local relataram medo e intimidação, com profissionais sendo empurrados e forçados a sair sem explicações.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e entidades civis também cobraram sanções aos responsáveis.
Liberdade de imprensa em risco
Esse episódio reacende o debate sobre o tratamento dado à imprensa dentro do Congresso.
Nos últimos anos, diversos jornalistas já denunciaram restrições de acesso, censura velada e hostilidade de seguranças.
O caso desta semana mostra que o problema é mais estrutural do que pontual — e reforça a urgência de garantir transparência e respeito ao trabalho jornalístico.
Afinal, o papel da imprensa é justamente iluminar o que o poder público tenta esconder.
E quando jornalistas são agredidos, silenciados ou impedidos de registrar fatos, é a sociedade inteira que perde.
Conclusão
O episódio na Câmara dos Deputados mostra que, mesmo em plena democracia, a liberdade de imprensa segue sob ataque.
As investigações anunciadas precisam sair do papel e gerar consequências reais — porque o direito à informação é um bem público, e qualquer tentativa de restringi-lo mina as bases da democracia.
Enquanto isso, jornalistas continuam fazendo o que sempre fizeram: registrar, questionar e resistir.
