Em nova medida, Trump anuncia tarifa de 50% que deve entrar em vigor em agosto, foi comunicada nas redes sociais. Governo brasileiro estuda retaliação com base em lei de reciprocidade, mas adota cautela.
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (9) uma tarifa de 50% sobre todos os produtos exportados do Brasil para os EUA. A medida, que deve começar a valer a partir de 1º de agosto, foi comunicada por meio de uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada no Truth Social, rede social do ex-presidente americano.
Segundo Trump, a tarifa seria uma resposta direta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil, que ele classificou como uma “perseguição política”. Trump também criticou decisões do Supremo Tribunal Federal relacionadas à regulação de redes sociais americanas no país.
Por que Trump anunciou tarifa de 50% sobre exportações do Brasil?
Leia mais – veja como funciona o
A nova alíquota é a mais alta já imposta pelos EUA ao Brasil nos últimos anos e representa um aumento significativo em relação às tarifas anteriores, que giravam entre 10% e 25%, aplicadas apenas a setores específicos como aço e alumínio.
Agora, a nova tarifa será aplicada de forma generalizada e cumulativa — ou seja, será somada a qualquer outra tarifa já existente.
De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, a medida poderá ser “ajustada para cima ou para baixo” nos próximos meses, dependendo da postura do governo brasileiro em relação ao caso Bolsonaro e à liberdade de atuação de empresas americanas no Brasil.
Impacto nas exportações
A decisão gerou reação imediata de associações de exportadores. Em nota, a Associação Brasileira de Indústrias e Exportadores (ABIE) afirmou que a tarifa “torna inviável a exportação de bens manufaturados e produtos agrícolas para os Estados Unidos, o que pode levar a demissões e fechamento de plantas industriais”.
Entre os produtos mais afetados estão:
-
Aço e alumínio;
-
Café, principalmente o robusta;
-
Produtos do agronegócio (soja, carne e suco de laranja);
-
Equipamentos industriais;
-
Aeronaves e peças do setor aeronáutico.
Governo Lula promete resposta
O governo brasileiro informou, por meio do Ministério das Relações Exteriores, que avalia medidas de retaliação baseadas na Lei de Reciprocidade Econômica. O presidente Lula reuniu ministros da área econômica e da diplomacia para debater a reação oficial.
“O Brasil não aceitará pressões políticas externas. Tomaremos todas as medidas necessárias para proteger nossa economia e soberania”, disse o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Repercussão internacional
A medida teve repercussão internacional. O jornal britânico The Guardian destacou que esta é uma das tarifas mais agressivas da história recente e que pode abrir uma nova crise comercial entre Brasil e Estados Unidos.
Na Ásia, o jornal The Times of India apontou que a decisão pode afetar outros países da América Latina, já que Trump teria sinalizado medidas semelhantes contra nações que, segundo ele, estariam cooperando com processos contra políticos aliados.
Reação do mercado
O anúncio também impactou os mercados financeiros. O dólar teve alta de 2,3% frente ao real logo após a publicação da medida, e a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) operou em queda de 1,8%, com destaque para ações de empresas exportadoras.
Segundo analistas, o efeito pode ser ainda mais severo se a retaliação brasileira incluir setores sensíveis para os EUA, como tecnologia ou produtos farmacêuticos.
Considerações finais
A decisão de Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras amplia a tensão diplomática entre os dois países e pode desencadear uma nova guerra comercial. Embora o Brasil esteja buscando uma resposta equilibrada, a medida tende a afetar diversos setores da economia nacional já no curto prazo.
A expectativa é que, até o dia 1º de agosto, haja uma tentativa de reabertura do diálogo diplomático. Caso contrário, o Brasil deverá adotar contramedidas que podem agravar ainda mais o cenário.
E você? O que acha?